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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Filho de Antonio Gomes da Silva Netto e Rosilda Lucia Quaresma; nasci em Niterói, RJ, verão de 1982; passei toda minha infância em Jabitacá, PE; estive em convivência tanto no campo como na cidade, cuidei de gado na adolescência os quais minha avó criava , e trabalhei na biblioteca da escola na juventude. Minha conversão se deu no dia 24 de Dezembro de 1998 através do assembleianismo ao qual comunguei por 9 anos. Estudei o 2º grau, e, no ano 2000, aos 18 anos vim morar em João Pessoa, onde me casei com Priscila, e tivemos 2 filhas, Ester e Júlia. Hoje sou formado em Técnico em mecânica pelo Cefet-PB.Fui seminarista da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil. Em 2014 concluí o Curso de Bacharel em Serviço Social. Estou orando para que este Blog sirva à Deus como instrumento de propagação da nova a respeito de Cristo.

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domingo, 12 de junho de 2011

Agostinho de Hipona




  No dia 13 de Novembro de 354 na cidade de Tagaste província de Souk Ahras (próximo a Cartago na Tunísia) no norte da África (hoje Argélia) filho de Patrício que era pagão e Mônica que havia se tornado cristão nasceu Aurelius Augustinus (nome latim).

  Nesta época se desenrolava as diferenças cristológicas no oriente grego onde as igrejas disputavam suas crenças a respeito da deidade de Cristo.



  Agostinho sendo criado com pais que tinham diferenças religiosas teve forte influência na sua personalidade, sobre tudo de seu pai, resistindo sempre aos ensinamentos religiosos de sua mãe.

  Com 11 anos de idade foi enviado para a escola de Madaura, cidade da Numídia.

  Neste local ele foi ensinado em toda a crença da religião pagã, da cultura e literatura latina.

  Depois deste período ele ficou em casa do ano de 369 a 370 onde pode ter contato com o livro de Cícero “Hortensius” que foi uma forte influência para sua vida, principalmente no contexto argumentativo de dialogo. Através disso ele passou a se interessar pelo maniqueísmo uma seita gnóstica (O Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.). Logo depois deste tempo ele realmente passou a ser um discípulo do maniqueísmo.

  Agostinho se destacava na sua retórica (eloquência, oratória), porém não conseguia dominar o grego.

  Com 17 anos graças a um concidadão chamado Romaniano, o pai de Agostinho consegue lhe enviar de volta para Cartago para continuar seus estudos na retórica.

  Embora fosse catecúmeno desde a infância, era apaixonado pelo teatro, e só conseguiu dominar sua sexualidade após se unir a uma concubina (mulher que vive com homem sem ser legalmente casada) de 372 – 385 a qual lhe deu um filho, Adeodato que faleceu logo (por volta de 390).

  Durante o período de 373 – 374 (19 – 20 anos) Agostinho foi professor de gramática na sua cidade natal Tagaste. No ano seguinte foi para Cartago ser professor na rede municipal, mas ficou desapontado com a falta de interesse dos alunos, permaneceu ai durante 9 anos.

  Em 383 ele mudou-se para Roma onde estabeleceria uma escola de retórica pois os melhores professores haviam se estabelecido ali. Mas logo ficou descontente pois seus alunos fugiam na hora de pagar as mensalidades. Mas ai em Roma ele foi apresentado ao prefeito através de seus amigos maniqueístas, Symmachus, que tinha sido solicitado a fornecer um professor de retórica para o tribunal em Milão, Agostinho ficou com o emprego e ocupou o cargo até 384 onde recebeu forte influencia da filosofia neoplatônica que o convenceu da existência do Ser transcendente imaterial e lhe deu uma nova compreensão sobre o problema do bem e do mal (Corrente doutrinária fundada por Amônio Sacas (séc. II), em Alexandria, e cujos representantes principais são Plotino, filósofo romano (204-270), em Roma; Jâmblico, filósofo grego (c. 250-330), na Síria; e Proclo, filósofo grego (410-485), em Atenas. Caracterizava-se pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação (q. v.) e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem.).

  Por esse tempo Agostinho foi perseguido por sua mãe que tentava inculcar os ideais cristãos nele e também queria ver seu progresso profissional, mas como sempre ele ia resistindo, até que ele conheceu o bispo de Roma Ambrósio (339-397), homem que lhe impressionou, sobretudo devido sua eloquência erudita e sua pregação alegórica (Ambrósio é considerado o maior pregador da igreja latina).



  No ano de 386 quando estava a meditar sobre a sombra de uma árvore no seu jardim em Milão ele teve uma experiência ímpar em sua vida a qual está descrita em um de seus livros chamado “Confissões”. De repente enquanto estava conversando com seu amigo Alípio sobre a mensagem do apóstolo Paulo, ele se emociona e se afasta uma distância de seu amigo e começa ouvir ao longe uma criança cantando tolle lege (toma e lê). Abrindo aleatoriamente a bíblia no livro de Romanos capítulo 13 versículos de 13 a 14: Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.

  Após esta leitura Agostinho creu em Cristo e logo foi batizado por Ambrósio na Páscoa de 387, abandonando sua carreira pública e se tornando monge.

  Depois deste período ele retorna para a Tagaste e sua mãe faleceu na cidade de Óstia e seu filho também neste tempo (388 – 390) deixando-o sozinho sem família. Vendeu toda sua herança e deu aos pobres, só não vendeu sua casa que fez uma fundação monástica para ele e um grupo de amigos.

  Ao fazer uma visita a cidade de Hipona no norte da África (na Argélia) foi ordenado sacerdote mesmo contra sua vontade. Tornou-se bispo coadjutor em 395 e um ano depois foi ordenado bispo de Hipona (Annaba, na Argélia), função que exerceu até o fim de sua vida em 28 de Agosto de 430. Sua vida foi registrada pela primeira vez por seu amigo Possídio, bispo de Calama, no seu Sancti Augustini vita.

  Por esta época Agostinho começou a ter disputas com um grupo chamado de donatista, que era uma seita cismática da igreja africana. Eles surgiram no período das perseguições do IV séc. Por volta de 303 a 311.

  Os donatistas afirmavam 2 coisas principalmente:

1ª) Os cristãos que haviam negado o nome de Cristo por causa da perseguição, não deveriam ser readmitidos na igreja novamente.

2ª) Afirmavam que aqueles que haviam sido batizados ou ordenados ministros pela igreja não donatista, não poderiam ser considerados servos nem ministros de Deus.

  Os donatistas cresciam na África e se tornaram uma poderosa igreja rival, a qual Agostinho foi se defrontando e soube acabar com todas as heresias.

  O primeiro livro que Agostinho escreveu sobre a heresia donatista foi “Sobre o batismo” onde ele aborda 2 assuntos principais:

1º) A natureza da igreja.

2º) A validade dos sacramentos.

  A ênfase principal dos donatistas era a pureza da igreja: era considerada a congregação dos santos “tanto na terra como no céu”, coisa que Agostinho conseguiu objetar afirmando que, “os donatistas são impuros, por destruírem a unidade da igreja e caírem no pecado do cisma”. Para ele a igreja comporta todos os tipos de pessoas, contendo em si tanto o bem como o mal até a separação definitiva no fim do mundo (joio e trigo: Mt 13.38-43: O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.

  Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo.

  Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.)

  Quanto aos sacramentos (a ceia do Senhor e o batismo) ele afirmou que eles transmitem a graça de Deus “ex opero operato” ou seja, “opera em virtude do próprio ato”, independente da condição moral ou espiritual do oficiante. Os sacramentos provém de Cristo e seu poder e sua eficácia baseiam-se na santidade de Cristo, que não pode ser corrompida por ministros indignos, “assim como a luz que provém do sol não pode ser corrompida ao brilhar através de um esgoto”. Portanto um sacramento é válido mesmo quando ministrado por um sacerdote imoral e herético, contanto que tenha uma ordenação válida e esteja em comunhão com a igreja, sendo mero instrumento da graça de Cristo.

  A heresia donatista desapareceu por volta do séc. VII depois de muitas disputas, mas os fundamentos levantados e deixados por Agostinho foram fatores determinantes para isso.

  Para os reformadores do tempo de Lutero, Agostinho foi o principal pai da igreja antiga, sobretudo pelos fundamentos deixados sobre o pecado, sobre o livre-arbítrio e sobre a graça.

  O início de seus tratados nestes temas começou devido a controvérsia com Pelágio, um monge britânico que nasceu no séc. IV. Em 405 ele foi a Palestina e escreveu 2 livros:

1º) Da natureza.

2º) Do livre-arbítrio.

  Lutero se deparou também com o ensino de Pelágio, agora representado por o monge Erasmo de Roterdã, o mesmo que escreveu o textus receptus, a versão da bíblia utilizada até hoje pela igreja reformada, defendida principalmente por Calvino e Theodoro Beza. Erasmo defendeu os ensinos de Pelágio dentro do catolicismo romano o qual foi adotado, criando assim uma ação de contrariedade em Lutero, que o condenou principalmente através da sua obra “nascidos escravos”.

  Embora Pelágio nunca tenha se encontrado com Agostinho foi fortemente criticado por ele e por Jerônimo amigo de Agostinho escritor da Vulgata latina (?- 420). Neste momento foi reunido um concílio para acabar com as heresias de Pelágio, mas ele conseguiu ser inocentado em 415. Todavia foi condenado como herege em 417-418 pelo bispo de Roma e pelo concílio de Éfeso (431).

  Pelágio era um cristão moralista que achava a crença na tendência natural do homem para o pecado um desestimulo para se viver uma vida virtuosa.

  Pelágio foi acusado de 3 heresias:

1ª) Negava o pecado original no sentido de culpa herdada, sendo defendido e acompanhado por muitos cristãos orientais. Dizia que as pessoas pecam por nascerem num mundo corrompido e que são influenciadas pelos maus exemplos ao seu redor, mas que elas não tem tendência natural para pecar, e se o fazem é deliberadamente.

2ª) Ele negou que a graça sobrenatural de Deus seja essencial para a salvação. Tudo de que os cristãos precisam é da iluminação dada pela palavra de Deus e da consciência.

3ª) Afirmou pelo menos em teoria de que é possível viver uma vida sem pecado pelo uso correto do livre-arbítrio. Todo ser humano se encontra na mesma situação que Adão antes da queda, podendo optar em viver em perfeita obediência a lei de Deus.

  Agostinho reagiu fortemente contra estes ensinos, desenvolvendo sua soteriologia que parte de 2 convicções centrais a saber:

1ª) a total corrupção dos seres humanos após a queda.

2ª) a absoluta soberania de Deus.

  Suas principais obras objetando os ensinos de Pelágio foram:

1ª) Do Espírito e da letra (412)

2ª) Da natureza e da graça (415)

3ª) Da graça de Cristo e do pecado original (418)

4ª) Da graça e do livre-arbítrio (427)

5ª) Da predestinação dos santos (429)

  Ele também tratou deste assunto em outras obras como: Enchiridion (421) e A cidade de Deus (413-427).

  Apelando para ensinamentos do apóstolo Paulo como Romanos 5.12-21 ( Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor. ) Agostinho afirmou que todos os seres humanos inclusive os filhos dos cristãos, nascem culpados e totalmente corrompidos por causa do pecado de Adão e da natureza pecaminosa herdada dele, estando sujeitos a condenação eterna. Eles fazem parte de uma “massa de perdição”. Essa situação só é desfeita pelo batismo (o sacramento da regeneração), pelo arrependimento e pela graça sacramental. A vida virtuosa do cristão é obra da graça de Deus e não produto do esforço humano ou do seu livre-arbítrio, sem a graça capacitadora. Por causa da corrupção herdada, o ser humano não tem liberdade para não pecar (non posse non peccare), mas pelo contrário ele é inteiramente servo do pecado (Nascidos escravos – Lutero).

  Para Agostinho o livre-arbítrio era fazer o que se deseja, agir de acordo com a natureza não tendo escolha contrária, como era sustentado por Pelágio e seus seguidores. O que Agostinho estava querendo dizer não era que o homem não tinha capacidade alguma de fazer o que é bom e certo ou justo, mas somente com relação a sua salvação, o homem era incapaz de querer se aproximar do Deus, Senhor e Salvador.

  Desta forma o homem é livre para pecar, mas não é livre para não pecar. Pecar é tudo o que os seres humanos querem fazer sem o auxílio da graça Divina. Portanto, a graça soberana de Deus é absolutamente necessária para qualquer decisão ou ação positiva do ser humano caído. As criaturas humanas estão de tal maneira corrompidas que se Deus não os concedesse o dom da fé, jamais se voltariam para Ele. Se fosse possível conseguir a retidão somente pela natureza humana e pelo livre-arbítrio, sem a graça sobrenatural, Cristo teria morrido em vão.

  E sua última obra “Da predestinação dos santos”, Agostinho afirmou que Deus escolhe alguns indivíduos do meio da massa humana de perdição para receber o dom da fé e, deixa os outros seguir o rumo natural de suas vidas na perdição. É aquilo que os reformadores do tempo da reforma protestante chamariam de “eleição incondicional” e “graça irresistível”.

  Em uma última análise das obras de Agostinho podemos chegar a conclusão de que ele deixou a desejar na abordagem de alguns temas como por exemplo:

Deus é o autor do mal?
Como conciliar a soberania Divina e a responsabilidade humana?
Porque Deus não salva a todos?

  Agostinho deixa estas coisas com um ponto de interrogação e entende que é um mistério ao qual Deus não quis revelar ao homem, mas ele entende que acima de tudo se deve ter em mente que Deus é a causa suprema de todas as coisas e que não existe nada no universo que possa fugir de seu controle ou frustrar sua vontade.

  Além da doutrina da igreja, da soteriologia e da doutrina da graça, Agostinho deixou como contribuição fundamental foi sobre a doutrina trinitariana no tratado “De Trinitate” (sobre a Trindade). Partindo do fundamento deixado pelos capadócios cuja teologia conheceu através de Hilário de Poitiers, Agostinho deu maior ênfase a unidade da essência Divina que a diversidade de pessoas, embora deixe um resumo. Os capadócios fizeram o inverso. Ao explicar a procedência do Espírito Santo, diz que Ele é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho. Agostinho argumentou que todas as coisas pelo fato de terem sido criadas pelo Deus tri uno, levam a marca da Trindade. Assim contribuiu de maneira inovadora com a introdução do “modelo psicológico da Trindade”. Comparou a unidade de Deus com a unidade do ser humano, com relação aos 3 aspectos das faculdades internas da alma, a saber: a memória o entendimento e a vontade.

  Sua obra prima, seu maior tratado e o mais completo foi “A cidade de Deus” onde fez uma grande síntese do pensamento cristão. Começa com uma apologia sobre o incêndio em Roma pelos visigodos no ano de 410. Acabou sendo uma grande interpretação da história romana e cristã, analisada teológica e escatologicamente através dos complexos destinos terrenais de 2 cidades criada por amores conflitantes (ao amor próprio e ao a amor a Deus).

  Segundo ele, o reino de Deus não se identifica com nenhuma civilização humana e não seria afetado pelo declínio do império romano.

  Irônicamente Agostinho morreu quando a África romana sucumbia diante das invasões dos vândalos que cercavam Hipona.

  A civilização romana clássica estava desmoronando-se mas, havia surgido uma nova cultura cristã que ganhava força, e alcançaria seu apogeu no período da idade medieval.

  Para os protestantes ou evangélicos, Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de Cristo.

  Agostinho foi um autor prolífico em muitos gêneros — tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, além de sermões e cartas.

  Dele restaram algumas centenas de cartas (Epistulae) e de sermões (Sermones) considerados autênticos. Além disso, deixou 113 obras escritas.

  Agostinho é chamado de o Doutor da Graça, por sua compreensão sobre o tema.

Textos autobiográficos:

  As suas Confissões (Confesiones), escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a primeira autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à sua então relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do Gênesis, no qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência psicológica e auto-revelação da obra ainda impressionam leitores.

  Mesmo sendo uma autobiografia, as Confissões não deixam de ter a marca filosófica de Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve sobre a memória e suas atribuições. Já no Livro XI, Agostinho fala sobre a Criação, sobre o Tempo e da noção psicológica que se tem deste.

  No fim da sua vida, Agostinho revisitou os seus trabalhos anteriores por ordem cronológica e sugeriu que teria falado de forma diferente numa obra intitulada Retratações, que nos daria uma imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os seus pensamentos finais.

Filosóficos: Diálogos: Solilóquios (Soliloquiorum libri duo), Sobre o Mestre (De Magistro, trata da educação neste diálogo), Sobre o livre arbítrio (De Libero Arbitrio, trata sobre o mal e sobre as escolhas)

  Contra os acadêmicos (Contra acadêmicos, em que combate o cepticismo).

  O Livro das disciplinas (Disciplinarum libri é uma vasta enciclopédia com o fim de mostrar como se pode e se deve ascender a Deus a partir das coisas materiais. Não está acabada).

Apologéticos: Da verdadeira religião (De vera religione), etc.

  A Cidade de Deus (iniciada c. de 413, terminada em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma síntese de seu pensamento filosófico, teológico e político). O De civitate Dei libri XXII.

Dogmáticos:

  Entre 399-422, escreveu A Trindade, uma das principais obras que apoia a crença na Santíssima Trindade de Deus. O De Trinitate libri XV.

  Sobre a imortalidade da alma (De inmortalitate animae)

  Sobre a potencialidade da alma (De quantitate animae)

  Enquirídio (Enchiridion, ad Laurentium ou De fide, spe et caritate liber I, é um manual de teologia segundo o esquema das três virtudes teológicas. Contém uma explicação do Credo, da oração do Pai Nosso e dos preceitos morais da Igreja).

  Da fé e do credo livro I (De fide et símbolo liber I), etc.

Morais e pastorais:

  Contra mendacium, Da catequese dos não instruídos livro I (De catechizandis rudibus liber I), Da continência livro I (De continentia liber I), Da paciência livro I (De patientia liber I), etc.

Monásticos:

  Regula ad servos — a mais antiga das regras monásticas do Ocidente.

Exegéticos:

  A Bíblia teve um papel decisivo para Agostinho. Pode-se destacar:

  Da doutrina cristã livro IV (De doctrina christiana libri IV (é uma síntese dogmática que servirá de modelo para as Sententiae os pensadores da Idade Média), De Genesi ad litteram libri XII, Da harmonia dos evangelistas livro IV (De consensu Evangelistarum libri IV (foram escritos em resposta aos que acusavam os evangelistas de contradizer-se e de haver atribuído falsamente a Cristo a divinidade), etc.

Tratados:

  Tratados sobre o evangelho de João (In Iohannis evangelium tractatus), As enarrações, ou exposições, dos Salmos (Enarrationes in Psalmos), etc.

Polêmicos:

  Muitas de suas obras tem caráter polêmico por causa dos conflitos que ele enfrentou. Isso levou São Posídio a classificá-las conforme os adversários combatidos: pagãos, astrólogos, judeus, maniqueus, priscilianistas, donatistas, pelagianos, arianos e apolinaristas.

  De natura boni liber I, Psalmus contra partem Donati, De peccatorum meritis et remissione et de baptismo parvolorum ad Marcellium libri III (de 412, primeira teologia bíblica da redenção, do pecado original e da necessidade do batismo), De gratia et libero arbitrio liber I (de 426, em que demonstra a necessidade da graça, da existência do livre arbitrío), De haeresibus, etc.

Pensamento:

O problema do mal:

  Em seu livro Sobre o livre arbítrio (em latim: De libero arbitrio) Agostinho tenta provar de forma filosófica que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser tão bom, pudesse ter criado o mal.

  A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal.

  No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho tenta explicar-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mau (a prevalência da vontade das paixões humanas).

  Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua vida). Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem. Tempo e Criação

  No Livro XI das Confissões (em latim: Confessiones) Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação do mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra criadora". Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens 1) do nada (em latim: ex-nihilo) e 2) a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus imutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.

  A fim de responder a asserção: “Do que faria Deus antes de criar o mundo?” Tece sua crítica aos maniqueus e expõe seu pensamento a respeito do tempo e da criação. A evidente resposta do Santo Doutor à tal pergunta é a de que Deus não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjuto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.

  Para ele, o tempo não tem existência per se e só pode ser apreendido por nossa alma por meio de uma atividade chamada de "distensão da alma" (em latim: distentio animi). A distensão da alma, grosso modo, nada mais é do que a compreensão dos três tempos; pretérito, presente e futuro na alma, de modo que seja possível lembrar do passado, viver o presente e prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem pode medir o tempo e essa "medição" atesta a existência do tempo apenas em caráter psicológico.
Influência como pensador e teólogo:



  Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o "baptismo" do pensamento grego e a sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho).

  É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original. Os teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado.

  O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante. Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.

  Tomás de Aquino tomou muito de Agostinho para criar sua própria síntese do pensamento filosófico grego e do cristão. Dois teólogos posteriores que admitiram influência especial de Agostinho foram João Calvino e Cornelius Otto Jansenius.



  Assim encerramos a história deste grande servo de Deus, que entregou-se para a obra do seu Criador.  Que nós possamos tirar exemplos da vida de Agostinho também.


  Soli Deo Glori.

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